Há algumas noites, numa daquelas
conversas que sempre tenho comigo antes da luta que é adormecer, cheguei a uma
conclusão pessoal sobre o sentimento que denominamos de AMOR. É verdade, eu
penso muito no AMOR. Porque para mim, não existe sentimento mais edificante e
qualificado do que este. Eu nunca compreendi e nunca vou compreender pessoas
que não priorizam tal sentimento.
Se o AMOR não estiver em primeiro
lugar, não vejo graça na vida. Tudo bem. Pode ser que eu seja emotiva demais.
Mas se a gente parar para pensar sobre o assunto, o que eu digo começa a fazer
sentido. Dou alguns exemplos. Quando a gente ficar velhinho, ao que daremos
valor? Pensaremos no dinheiro que acumulamos, na carreira que tivemos, nas
pessoas importantes que conhecemos? Eu acho que não. Pensaremos nos amigos que
fizemos e ainda temos, nos nossos filhos, nos amores reais que conquistamos. Ou
seja, uma hora ou outra, o AMOR será prioridade para nós, a não ser que a gente
morra antes de ter tempo de se dar conta disso.
Deve ser bem triste: passar pela
vida sem ter noção do AMOR. Eu não quero ficar velhinha, nem quero perder
alguém que amo para saber disso. Aos vinte e poucos anos, eu tenho plena
consciência de que o AMOR é minha prioridade. Não se compara a nada. Sei que
muitas pessoas que vivem perto de mim, não entendem esse meu modo de viver. Eu
já escutei demais:
“menina, você é muito inteligente
para estar onde estar.”
A verdade, entretanto, é que eu não consigo usar bem a minha inteligência se eu não sentir o AMOR. Não consigo e nem quero. Falem o que quiserem a meu respeito. Mas o AMOR sempre será prioridade. Não vão me convencer do contrário. É isso que sou, desde pequena.
Divaguei demais. Comecei este
texto para falar da conclusão a qual cheguei sobre o que é o AMOR. Melhor
dizendo, quais são as características mínimas do sentimento para ser chamado de
AMOR.
AMOR, com letra maiúscula, não
pode ser comparado com um simples adorar, não é um gostar, não é um
apaixonar-se. É muito mais do que isso. Sim, eu sei que o AMOR é subjetivo e
também sei que é impossível conceituá-lo em todos os seus aspectos. O AMOR não
é unívoco. Apesar disso, como disse, conclui que o AMOR para ser AMOR é
minimamente revestido de algumas características. Caso contrário, não pode ser
AMOR. É qualquer outro sentimento, mas não AMOR.
Dizer “eu te amo” é bem
simples. Aliás, a tal oração virou quase sinônimo de “eu te adoro” ou “eu
gosto de você” para a maioria de nós. Não que adorar não seja um sentimento
bonito. Lógico que é. Adorar e gostar de alguém envolve respeito, admiração,
carinho, o querer bem. Pelo menos para mim, porque quando o assunto é
sentimento, as opiniões são bem diversas.
Ah! O AMOR! Já tentei explicar o
que ele significa muitas e muitas vezes. Mas os meus textos sempre ficaram
ocos. Sem graça mesmo. Não passam de clichês. Por isso, eu fiquei pensando nas
características mínimas do tal sentimento.
Na realidade, eu queria saber
colocar no papel o que eu sinto no coração. Ou, ao menos, eu gostaria de poder
falar o que o AMOR significa para mim, como ele me transforma, me transborda,
me tira o juízo, o tino e faz com que eu esqueça de que o mundo é mundo. Mas
isso é mesmo uma missão impossível.
Quem me dera viver a vida só de
AMOR. Se AMAR fosse uma profissão, com certeza, eu estaria incluída na lista
das mais milionárias do mundo. Não que eu seja pretensiosa. Mas se há uma coisa
que eu sei fazer bem na vida, esta coisa é amar. É óbvio que, socialmente, eu
regrido, porque não sei fazer nada por muito tempo sem colocar AMOR. Na escala
dos bem sucedidos dos dias atuais, eu estou mesmo é lá embaixo. Mas isso não
vem ao caso. Olhem vocês, estou divagando de novo. Não comecei a escrever para
falar sobre mim. A escrita me veio por outro motivo: quero, ao menos, tentar
colocar no papel os requisitos mínimos desse palavrão que é o AMOR.
Vejam bem: o AMOR sempre envolve
o bem, de forma bem objetiva. É querer que o ser amado seja tão feliz quanto
ele possa ser. É ver aquele sorriso grande, sincero, honesto na face do outro e
se sentir tremendamente recompensado por Deus. É fazer por quem você ama mais
do que você gostaria que fizessem por você.
É mínimo do AMOR: a coragem. A
coragem para ficar junto, apesar de qualquer circunstância: na saúde e,
principalmente, na doença; no amor e na dor; na fartura ou na pobreza; nos
tempos fáceis e, especialmente, nos tempos difíceis. É enfrentar juntíssimos
situações que parecem ser impossíveis aos nossos olhos e aos olhos dos outros.
Aliás, é não se importar com que o resto do mundo pensa. Porque o AMOR sempre
recompensa. Sempre vale mais a pena do que o orgulho e o medo.
É dividir tudo o que acontece de
ruim nas nossas vidas. Porque não dá para ver o outro sofrendo e não oferecer o
colo, o ombro, o coração, ou melhor, o corpo todo. É ter compaixão e paciência.
É aceitar os defeitos e até
achá-los charmosos de vez em quando, ainda que sejam irritantes. Porque ninguém
ama somente pelas qualidades. Ama-se por inteiro, por completo: do dedo do pé
até o último fio de cabelo, ainda que o dedo seja torto e o cabelo nem um pouco
sedoso. Afinal, o que importam essas coisas?! Diante do AMOR, o resto é mesmo
resto.
É ser o melhor amigo e isso
dispensa qualquer explanação.
É ser redundante. É viver de
metáforas, de hipérboles. É ser brega também. Quem se importa com isso quando
se ama?!
E por último (que me desculpem os
ateus): é envolver Deus, porque somente com a graça e a benção divina é que o
ser humano é capaz de amar, ainda que minimamente. Porque eu digo: sempre dá
para amar mais, para se fazer mais pelo ser amado. Amar não comporta limitações
universais.
Portanto; bondade, coragem,
compaixão, aceitação e graça divina; formam o que eu chamo de MINIMAMENTE AMOR.
Sinta-se sortudo se você já viveu ou vive
isso. Não é todo mundo que aceita ser agraciado dessa maneira. Não é todo mundo
que abre mão da correria do dia a dia para viver o AMOR. São poucos os que não
preferem o dinheiro, a fama e a carreira ao AMOR, este sentimento que só pode
ser divino.