Ela queria ser atingida por uma estrela. (Quem aqui vos fala é o AMOR dela. O AMOR que já foi dela)
Quando atravessava as ruas, pensava que queria ser atropelada por uma estrela como se é atropelada por um carro. Mas os carros nem a viam como deveriam.
Parece que ela é neutra externamente. Mas ela não é. Ela pode ser tudo, menos neutra. Porque seus brincos de pérola falsos parecem de verdade e não permitiriam que ela fosse atropelada. Nem seu rosto de menina-mulher, quase triste, quase feliz. Nem Deus permitiria tamanho horror, se Ele existe.
Não poderia ser um raio. Teria que ser uma estrela. Porque estrelas são bonitas, brilhantes, não dão choque. Não matam.
Dizem que quando estamos vendo as estrelas, elas já podem ter morrido.
Dizem também que algumas estrelas se contraem, se encolhem e viram um buraco negro. Que triste isso.
Mas há quem diga que quando se fragmentam, dão origem a várias outras estrelinhas.
É por uma dessas estrelas que ela pedia para ser atingida. Bem no meio do peito. Um estrondo. Ela cairia. Levantaria em seguida. E teria um coração estrelado. Sairia cantando como uma doida varrida sem se importar.
Ela realmente não se importa com o que acham dela, salvo exceções (pessoas que ela guarda no peito).
Ela se importa com outras coisas que não me cabe falar. Coisas que a deixam triste. Coisas do mundo que a fazem chorar. E este AMOR não lhe dá mais as mãos e nem as palavras. Essas são as últimas palavras desse AMOR que ela tanto acreditou. E, por isso, por ela ter sido tão crente, esse AMOR escreve essa carta como decreto de extinção e como pedido para que ela se salve como sabe.
Coração estrelado chegue até a ela, do jeito que for. São SÚPLICAS de um AMOR em vias de extinção. Desse jeito, tristeza nenhuma terá espaço em seu coração. Ela não lembrará dos tempos perdidos, das pessoas que se foram, das saudades que não podem ser mais matadas. Não haverá lugar para a desesperança nas pessoas que conhece e que a rodeiam.
Desesperança nas pessoas que conhece e a rodeiam. Ela merece? Este AMOR diz que não veemente. Mas quem é ele, que nem ao menos mostra sua cara e vai embora com ares de sabichão!? Não tem moral, portanto.
Mas este AMOR fala, não se cala. Ainda que não se mostre e que esteja fechando uma porta. É seu dever salvá-la. É seu dever abrir-lhe uma janela.
Buracos negros ela já tem. Mas não no coração. Na sua própria história. Na sua vida. Pelo jeito desajeitado que tem para este mundo no qual nasceu: sensÃvel, crente, boba, boa.
Desacreditada por esse mundo-cão. Ela é. Mas esse AMOR já a viu por dentro e crê na sua força absolutamente. Essas são AFIRMAÇOES de um AMOR, que a conhece, que a estima, que sabe quem ela é de corpo e alma. Um AMOR que foi levado por esse mesmo mundo cão.
QUE um dia se inspirou completamente e absolutamente nela.
Rescrito em 14 de agosto de 2017.